Poema 26 do Tao Te Ching
重為輕根
靜為躁君
是以君子
終日行不離輜重
雖有榮觀
燕處超然
奈何萬乘之主
而以身輕天下
輕則失本
躁則失君
O peso é a raiz da leveza;
A quietude é senhora da agitação.
Por isso o nobre
Caminha o dia inteiro sem se afastar de seu carro de bagagem.
Apesar dos guardas pessoais
E dos locais de repasto, ele mantém sua altivez.
Como é possível que um rei com dez mil carros
Negligencie a si mesmo diante do mundo?
Pela leveza perde-se a raiz;
Pela agitação perde-se o senhorio.
Postura Zhan Zhuang - Meditação |
O corpo é a raiz material do espírito.
Muitas tradições consideram o corpo como algo a ser abandonado para haver o progresso espiritual. Chegam a submeter o corpo a castigos e sofrimento para cultivar o espírito.
Para o taoísmo, no entanto, o cuidado com o corpo é uma disciplina para o desenvolvimento espiritual. A partir dessa visão desenvolveram-se as várias técnicas de alquimia interna da medicina chinesa.
Essas técnicas todas têm, em comum, o cultivo da quietude corporal e da estabilidade mental.
Poema 27 do Tao Te Ching
善行無轍迹
善言無瑕讁
善數不用籌策
善閉無關楗
而不可開
善結無繩約
而不可解
是以聖人
常善救人
故無棄人
常善救物
故無棄物
是謂襲明
故善人者
不善人之師
不善人者
善人之資
不貴其師
不愛其資
雖智大迷
是謂要妙
Quem tem excelência no caminhar não deixa pegadas;
Quem tem excelência no falar não se engana nem ofende;
Quem tem excelência no cálculo não usa instrumento de contagem;
Quem tem excelência no fechar não precisa de ferrolhos;
E não se abre o que ele fecha.
Quem tem excelência no amarrar não precisa de cordas;
E não se desata o que ele amarra.
Assim, o Sábio
Tem sempre excelência em salvar as pessoas;
E não as abandona.
Tem sempre excelência em salvar os seres;
E não os abandona.
Nisso é chamado "Aquele que segue a Luz".
Assim, a pessoa excelente
É mestra das pessoas que não são excelentes.
As pessoas que não são excelentes
São a matéria-prima das pessoas excelentes.
Se o mestre não é valorizado,
Se a matéria-prima não é amada,
Ainda que haja sabedoria, haverá grande confusão.
Esse é um milagre essencial.
Existem pessoas que dominam com tanta excelência a sua arte, o seu ofício, ou alguma habilidade que seja, que seu desempenho parece miraculoso. Longas discussões são inúteis - conduzem ao erro e ferem o outro. A real consciência é alcançada por meio do que está além das palavras.
O que tem excelência no Tao não se aparta da humanidade nem dos outros seres. Pelo contrário, pela ação aparente miraculosa, resgata essas pessoas, e esses seres são para ele, matéria-prima, a quem ele devota sua obra. Eles, por sua vez, rendem-se ao seu valor.
Tanto o confucionismo quanto o taoísmo enfatizam o papel do mestre. O taoísmo, no entanto, não considera essa relação fixa e eterna. No mundo ideal taoísta não há hierarquia, não há estratificação social, todos são excelentes. E lembramos aí da sociedade na época de Lao Tzu, com reis, vassalos, guerreiro e escravos; esses últimos, sem nenhuma excelência reconhecida então.
Quando se está no Tao, tudo se realiza pelo Wu-Wei, e tudo está perfeito.
Poema 28 do Tao Te Ching
知其雄
守其雌
為天下谿
為天下谿
常德不離
復歸於嬰兒
知其白
守其黑
為天下式
為天下式
常德不忒
復歸於無極
知其榮
守其辱
為天下谷
為天下谷
常德乃足
復歸於樸
樸散則為器
聖人用之
則為官長
故大制不割
Conhecendo seu masculino
E guardando seu feminino,
Torna-se ribanceira do mundo.
Tornando-se ribanceira do mundo,
O Poder constante não se afasta dele.
Ele retorna à condição de bebê.
Conhecendo sua brancura
E guardando sua escuridão,
Torna-se modelo para o mundo.
Tornando-se modelo para o mundo,
Não erra o Poder permanente.
Ele retorna à não-polaridade.
Conhecendo sua fartura
E guardando sua ruína,
Torna-se o vale do mundo.
Tornando-se o vale do mundo
E com suficiência no Poder permanente,
Retorna à condição de um pedaço de pau.
O pedaço de pau é cortado para formar utensílios,
O sábio os utiliza
Para conduzir os altos oficiais.
Assim, a grande obra não é quebrada.
Vivemos em dualidade. Altos e baixos, vitórias e derrotas. E em nós mesmos enxergamos dualidade: masculino e feminino (ou animus e anima),
Indo além dessa dualidade, tornamo-nos o "vale", a "ribanceira", figuras da humildade que, por estar no baixo, acolhe as águas e se torna grande como o mar.
Indo além da dualidade, retornamos ao estado primordial, 無極, Wu Ji; como o bebê que ainda não se vê com indiferenciado da mãe que o alimenta; como o pedaço de madeira que não foi trabalhado pelo marceneiro.
Nesse estado, rendemo-nos à nossa sabedoria intrínseca - o "sábio" - e agimos de modo plenamente natural - Wei Wu Wei, agindo pela não-ação - e realizando o Tao.
知其雄
守其雌
為天下谿
為天下谿
常德不離
復歸於嬰兒
知其白
守其黑
為天下式
為天下式
常德不忒
復歸於無極
知其榮
守其辱
為天下谷
為天下谷
常德乃足
復歸於樸
樸散則為器
聖人用之
則為官長
故大制不割
Conhecendo seu masculino
E guardando seu feminino,
Torna-se ribanceira do mundo.
Tornando-se ribanceira do mundo,
O Poder constante não se afasta dele.
Ele retorna à condição de bebê.
Conhecendo sua brancura
E guardando sua escuridão,
Torna-se modelo para o mundo.
Tornando-se modelo para o mundo,
Não erra o Poder permanente.
Ele retorna à não-polaridade.
Conhecendo sua fartura
E guardando sua ruína,
Torna-se o vale do mundo.
Tornando-se o vale do mundo
E com suficiência no Poder permanente,
Retorna à condição de um pedaço de pau.
O pedaço de pau é cortado para formar utensílios,
O sábio os utiliza
Para conduzir os altos oficiais.
Assim, a grande obra não é quebrada.
Vivemos em dualidade. Altos e baixos, vitórias e derrotas. E em nós mesmos enxergamos dualidade: masculino e feminino (ou animus e anima),
Indo além dessa dualidade, tornamo-nos o "vale", a "ribanceira", figuras da humildade que, por estar no baixo, acolhe as águas e se torna grande como o mar.
Indo além da dualidade, retornamos ao estado primordial, 無極, Wu Ji; como o bebê que ainda não se vê com indiferenciado da mãe que o alimenta; como o pedaço de madeira que não foi trabalhado pelo marceneiro.
Nesse estado, rendemo-nos à nossa sabedoria intrínseca - o "sábio" - e agimos de modo plenamente natural - Wei Wu Wei, agindo pela não-ação - e realizando o Tao.
Nenhum comentário:
Postar um comentário