曲則全
枉則直
窪則盈
弊則新
少則得
多則惑
是以聖人抱一
為天下式
不自見故明
不自是故彰
不自伐故有功
不自矜故長
夫唯不爭
故天下莫能與之爭
古之所謂曲則全者
豈虛言哉
誠全而歸之
Dobrando-se, está inteiro;
Curvando-se, está reto;
Sendo oco, está cheio;
Sendo gasto, está novo;
Sendo pouco, é ganho;
Sendo muito, é perda.
Por isso, o sábio abraça o Um,
Tornando-se modelo para o mundo.
Não se exibe, por isso ilumina;
Não se mostra, por isso se destaca;
Não se empenha, por isso tem sucesso;
Não se enaltece, por isso dura mais tempo.
Como não luta,
Não há ninguém no mundo que lute contra ele.
O que os antigos diziam: "Dobrando-se, está inteiro"
Não teria valor?
Verdadeiramente, tudo se integra assim.
Os pares de opostos se correlacionam com os aspectos exterior-interior. Uma injustiça pode assolar externamente o sábio, mas sua retidão interna se mantém.
Abraçar o Um é unir-se ao Tao.
Não se mostrar permite o sucesso interior.
Não lutando, não há como alguém lutar contra ele - esse é o nível máximo do Tai Chi Chuan.
Nessa busca interior encontramos nossa comunhão com tudo que existe.
Poema 23 do Tao Te Ching
希言自然
故飄風不終朝
驟雨不終日
孰為此者
天地
天地尚不能久
而況於人乎
故從事而道者
同於道
德者
同於德
失者
同於失
同於道者
道亦得之
同於德者
德亦得之
同於失者
道亦失之
Falar pouco é natural.
Assim como uma ventania não dura a manhã inteira.
E um temporal não dura o dia inteiro.
De onde vem isso?
Do Céu e da Terra.
O Céu e a Terra, tão antigos, não são eternos.
Não é assim com o homem também?
Aquele que se conduz de acordo com o Tao,
Une-se ao Tao.
Aquele de acordo com o Poder,
Une-se ao Poder.
Aquele que perde,
Une-se à perda.
Quem se une ao Tao
É alcançado pelo Tao.
Quem se une ao Poder do Tao
É alcançado pelo Poder do Tao.
Quem se une à perda
É perdido pelo Tao.
A época de Lao Tzu foi um tempo de grandes e bruscas transformações. Os estados independentes formavam tênues e efêmeras alianças para dominar estados rivais. O inimigo de ontem poderia ser o aliado de amanhã. Centenas de escolas filosóficas se desenvolviam, interagiam e eram incorporadas a correntes de pensamento mais vigorosas. Nesse vai-e-vem incessante, Lao Tzu encontra algo imutável.
Um furacão não dura um dia inteiro. Uma pessoa não passa 24 horas por dia falando. Tudo está em constante mudança. Mas há algo atemporal, supramaterial - o Tao. Pelo Poder ele é reconhecido e encontrado. Perdê-lo é ater-se à trajetória comum das coisas ordinárias, sendo arrastado para lá e para cá nos processos de degradação mundana.
Poema 24 do Tao Te Ching
企者不立
跨者不行
自見者不明
自是者不彰
自伐者無功
自矜者不長
其在道也曰
餘食贅行
物或惡之
故有道者不處
Quem se põe nas pontas dos pés não se firma;
Quem afasta muito as pernas não caminha;
Quem se exibe não ilumina;
Quem se mostra não se destaca;
Quem se empenha não tem sucesso;
Quem se enaltece não dura muito.
Quem está com o Tao diz:
"Restos de comida, excrescência supérflua".
Os seres sentem repugnância.
Quem tem o Tao não fica aí.
Esse poema continua a temática do 22. E, de fato, em manuscritos antigos aparece antes do 23.
O excesso, o supérfluo, a necessidade de superar os demais, coisas tão onipresentes hoje em dia, são obstáculos para a obtenção do Tao. É como oferecer comida para quem comeu até se fartar - dá náuseas. Não é essa a atitude de quem está no Tao.
Poema 25 do Tao Te Ching
有物混成
先天地生
寂兮寥兮
獨立不改
周行而不殆
可以為天下母
吾不知其名
字之曰道
強為之名曰大
大曰逝
逝曰遠
遠曰反
故道大天大地大王亦大
域中有四大
而王居其一焉
人法地
地法天
天法道
道法自然
Existe uma coisa indistintamente formada,
Anterior ao Céu e à Terra.
Intangível! Silenciosa!
Incondicionada e imutável.
Circula sem causar dano.
Pode ser considerada a mãe do mundo.
Não sei o seu nome;
Chamo-a de Tao.
Obrigando-me a considerá-la, denomino-a "Grande".
Sendo Grande, denomino-a "Aquela que orbita".
Sendo A que orbita, denomino-a "Distante".
Sendo Distante, denomino-a "Aquela que retorna".
O Tao é grande, o Céu é grande, a Terra é grande, o Rei é grande.
Existem esses quatro grandes,
E o Rei é um dentre eles.
O Homem é regido pela Terra
A Terra é regida pelo Céu.
O Céu é regido pelo Tao.
O Tao é regido pela própria natureza.
Existe algo que é anterior ao Céu e à Terra. Por falta de nome melhor, Lao Tzu denominou essa coisa de Tao. Os verbos que ele utiliza - "circular", "orbitar", são os termos utilizados na astronomia, já razoavelmente avançada na época. Indicam a presença do Tao em todo o Universo, e não apenas no nosso mundo.
Os Grandes poderes são o Tao, o Céu, a Terra, o Rei. O caractere para "Rei" 王 mostra aquele que liga os três níveis: Céu, Homem e Terra. Ou seja, a esfera espiritual, a esfera social e a esfera material. Todas estas instâncias são regidas, em última análise, pelo Tao, que rege a si mesmo, pela sua própria natureza.
Abraçar o Um é unir-se ao Tao.
Não se mostrar permite o sucesso interior.
Não lutando, não há como alguém lutar contra ele - esse é o nível máximo do Tai Chi Chuan.
Nessa busca interior encontramos nossa comunhão com tudo que existe.
Poema 23 do Tao Te Ching
希言自然
故飄風不終朝
驟雨不終日
孰為此者
天地
天地尚不能久
而況於人乎
故從事而道者
同於道
德者
同於德
失者
同於失
同於道者
道亦得之
同於德者
德亦得之
同於失者
道亦失之
Falar pouco é natural.
Assim como uma ventania não dura a manhã inteira.
E um temporal não dura o dia inteiro.
De onde vem isso?
Do Céu e da Terra.
O Céu e a Terra, tão antigos, não são eternos.
Não é assim com o homem também?
Aquele que se conduz de acordo com o Tao,
Une-se ao Tao.
Aquele de acordo com o Poder,
Une-se ao Poder.
Aquele que perde,
Une-se à perda.
Quem se une ao Tao
É alcançado pelo Tao.
Quem se une ao Poder do Tao
É alcançado pelo Poder do Tao.
Quem se une à perda
É perdido pelo Tao.
A época de Lao Tzu foi um tempo de grandes e bruscas transformações. Os estados independentes formavam tênues e efêmeras alianças para dominar estados rivais. O inimigo de ontem poderia ser o aliado de amanhã. Centenas de escolas filosóficas se desenvolviam, interagiam e eram incorporadas a correntes de pensamento mais vigorosas. Nesse vai-e-vem incessante, Lao Tzu encontra algo imutável.
Um furacão não dura um dia inteiro. Uma pessoa não passa 24 horas por dia falando. Tudo está em constante mudança. Mas há algo atemporal, supramaterial - o Tao. Pelo Poder ele é reconhecido e encontrado. Perdê-lo é ater-se à trajetória comum das coisas ordinárias, sendo arrastado para lá e para cá nos processos de degradação mundana.
Poema 24 do Tao Te Ching
企者不立
跨者不行
自見者不明
自是者不彰
自伐者無功
自矜者不長
其在道也曰
餘食贅行
物或惡之
故有道者不處
Quem se põe nas pontas dos pés não se firma;
Quem afasta muito as pernas não caminha;
Quem se exibe não ilumina;
Quem se mostra não se destaca;
Quem se empenha não tem sucesso;
Quem se enaltece não dura muito.
Quem está com o Tao diz:
"Restos de comida, excrescência supérflua".
Os seres sentem repugnância.
Quem tem o Tao não fica aí.
Esse poema continua a temática do 22. E, de fato, em manuscritos antigos aparece antes do 23.
O excesso, o supérfluo, a necessidade de superar os demais, coisas tão onipresentes hoje em dia, são obstáculos para a obtenção do Tao. É como oferecer comida para quem comeu até se fartar - dá náuseas. Não é essa a atitude de quem está no Tao.
Poema 25 do Tao Te Ching
有物混成
先天地生
寂兮寥兮
獨立不改
周行而不殆
可以為天下母
吾不知其名
字之曰道
強為之名曰大
大曰逝
逝曰遠
遠曰反
故道大天大地大王亦大
域中有四大
而王居其一焉
人法地
地法天
天法道
道法自然
Existe uma coisa indistintamente formada,
Anterior ao Céu e à Terra.
Intangível! Silenciosa!
Incondicionada e imutável.
Circula sem causar dano.
Pode ser considerada a mãe do mundo.
Não sei o seu nome;
Chamo-a de Tao.
Obrigando-me a considerá-la, denomino-a "Grande".
Sendo Grande, denomino-a "Aquela que orbita".
Sendo A que orbita, denomino-a "Distante".
Sendo Distante, denomino-a "Aquela que retorna".
O Tao é grande, o Céu é grande, a Terra é grande, o Rei é grande.
Existem esses quatro grandes,
E o Rei é um dentre eles.
O Homem é regido pela Terra
A Terra é regida pelo Céu.
O Céu é regido pelo Tao.
O Tao é regido pela própria natureza.
Existe algo que é anterior ao Céu e à Terra. Por falta de nome melhor, Lao Tzu denominou essa coisa de Tao. Os verbos que ele utiliza - "circular", "orbitar", são os termos utilizados na astronomia, já razoavelmente avançada na época. Indicam a presença do Tao em todo o Universo, e não apenas no nosso mundo.
Os Grandes poderes são o Tao, o Céu, a Terra, o Rei. O caractere para "Rei" 王 mostra aquele que liga os três níveis: Céu, Homem e Terra. Ou seja, a esfera espiritual, a esfera social e a esfera material. Todas estas instâncias são regidas, em última análise, pelo Tao, que rege a si mesmo, pela sua própria natureza.
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